quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Farto de mim


Dia sombrio
Chove lá fora
E eu atravessando um crime à minha porta
Nela reparo que o número 33 está lá
Subo a escadas daquelas frias paredes
Submetendo-me à opaca luz sem chama

De rastos deito tudo na cama
Tal como o meu cadáver
E ouvindo a minha dor
escrevo...

Sentirás a mesma coisa?
És como eu?
Que choro constantemente
Parecendo meu destino sofrer
A ficar sozinho...
A não amar

Amar a vida
Amar-te
Amar aqueles que deveria
Gostar um pouco mais de ti
A castanha e húmida
E às vezes seca e pouco digna
terra?

Pergunte-te aquilo que não sei...
Como posso eu fazer isso se não sei...
Não sei aquilo que sou, para onde vou
ou mesmo o que pergunto
não sei nada!

Eu vejo
Mas não agarro
Parece valer a pena voar
Mas nunca levanto voo
Quando estou menos triste
Até parece fazer sentido
Mas nunca
Nunca se acaba voando

Em ti, nele, naquele, sei lá!
Não sei ...
Não consigo pensar

Serei louco?
Serei uma chaga, uma infecção?

Serei?
Sei que consigo fazer grandes coisas
Mas no fim são apenas coisas...
Uma camuflagem

No final nunca consigo a resposta
Daquilo a que nem sequer sei o que é

A simplicidade da vida é o que a torna dificil
Quem me dera não pensar
Sim! Quem me dera...
Pensar é mau
Quem me dera ser irracional
Quem me dera não ser humano

Aliás...
Quem me dera morrer

A Morte é o meu descanso
Mas a morte é cobardia
Mas ao mesmo tempo tão fácil e acessível
Podia tudo acabar
agora, aqui,
Neste momento

Tudo me enjoa
Tudo me irrita

Mas o q mais me excita
É aquela questão que não sei designar
Mas que tentarei explicar

Haverá mais alguém como eu?
Haverá mais alguém que pense como eu?
Haverá alguém tão estúpido como eu?
Haverá alguém que me aceite?
Vocês pensam nisso?
Não vos incomoda?
Não vos irrita?
Não os faz sofrer?

Bem... Questões e mais questões
e nada de respostas

Sou apenas uma vitima da evolução humana

A questão é se serei a única
Diz-me!
Fala-me disso!
Se pensas ou nao!
Se sim...
Se pensas tanto como eu
Por favor

Estarei doente?
Estarei vivo?
As lágrimas que choro dizem me que sim
Mas quando saio do meu tecto não familiar
Para o mundo lá fora
Tudo parece desmorenar-se
Não encaixo
Não entendo
Não desabafo
Nao vivo
Nao morro
Não amo

Sinto o sol, mas não a luz
No meu fundo só solidão

E esqueço isto e mais um dia mau passa
sem respostas...

Mas quando a lua se ergue
A noite dá-me outro alento
Faz-me pensar
Será essa a resposta
morrer em paz?

Tudo começou aqui
Tudo aqui acabará
Até já Coimbra

Adeus

P.S: Provavelmente o último texto deste blog.
Um fim anúnciado desde sempre, desde a sua criação.
O nascimento de Rasganço estava destinado à ruína, à sua morte.
Se a vida me olhar talvez seja um adeus temporário.
Mas se renascer, tudo terá num novo formato. Este poderá ser um simples até já.
O adeus vai ser anunciado em breve.

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Outro espelho


A caminho branco seguimos
Destinados à bela
Intensa e Pura, Ela

Há minha frente loura e
Relosente
Sede de desejo tardio
Brilha com esperança

Porquê?
Porque me foi apaixonar por
Elas?
Eu sei que me abriste as
tuas recentes portas mas...

Tolo, não percebes que
nesta cidade que é minha
Não podes tocar teu fado?

Não me deixes desta maneira
Nós desviamos o olhar,
por um segundo...
Deviamos ser amantes

E isso é um facto

Quão maravilhosa é a
vida quando sabemos
o que esquecer...

quinta-feira, janeiro 25, 2007

A Ilha


Fiz-me ao mar com lua cheia
A esse mar de ruas e cafés
Com vagas de olhos a rolar
Que nem me viam no convés
Tao cegas no seu vogar

E assim fui na moncao
Perdido na imensidao
Deparei com uma ilha
Uma pequena maravilha

Meio submersa
Resistindo à toada
Deu-me dois dedos de conversa
Ja cheia de andar calada

Tinha um olhar acanhado
E uma blusa azul-grena
Com o botao desapertado
E por dentro tao ousado
Um peito sem soutien

Ancoramos num rochedo
Sacudimos o sal e o medo
Falamos de musica e cinema
Lia fernando pessoa
E às vezes também fazia um poema

E no cabelo vi-lhe conchas
E na boca uma pérola a brilhar
Despiu o olhar de defesa
Pos-me o mapa sobre a mesa

Deu-me conta dessas ilhas
Arquipélagos ao luar
Com os areais estendidos
Contra a cegueira do mar
Esperando veleiros perdidos

Por: Rui Veloso

Sombra Azul


Até estou em alta
Mas não consigo dormir
Talvez sei do que se trata
Mas não consigo dormir

É quase de madrugada
E a noite mal passada
Não foi, dá conta dos problemas
Que se formam nestes esquemas

Estou deitado
Com pálpebras doridas
Nada que não me pertença

Mas dentro de mim estendida
Continuam elas

Quase...

Quase fiz planos
Azuis, perfeitos
Para ser um homem
E agora entre nós..

Que merda vais tu encorajar?
Se sabes que vais falhar...

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Esta Noite...


Aconteceu...
Que esta noite
Não fui aquele que pude
Aquele que foi

Ninguém perdeu...
Afinal são restos de mim
Que sentiram
Desviando o meu queimar

Vamos embora daqui
Para um novo dia
Amanhã

(...)

Isabel


Isa não quer chorar
Guarda nela sem ter razão
As negras ondas do mar

Tentem ver no cordão
Que vos une à razão
Quão pior é morrer devagar

Isa não quer chorar
Mas seus olhos vertem a dor
De morrer para não matar

É que a vida são
Canções de épicos refrões
Que farão o mar fluir

Só que um dia vão ter de acabar
Esta é só mais uma canção
Não lhe fiz um refrão
Porque Isa já está a chorar

P.S: Contribuição ´´Violeta``
Com ajuda Bettencourt
Para e somente tu.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

É o Ego


Eu não sou de fiar
Chega tarde e robusto
E assim te vou mostrar

Que é simples o meu Ego
Negando-me o dado sossego
Frio e escurecido

Onde estão as respostas
Claras e simples
Que ela ficou de dar?

Sei bem que fácil será
Quando eu ganhar
A coragem de gritar

Glória! O lado sabor
De não saber aonde dói
Ainda assim dada...
Marcada pela dor

Só eu sei ver
Que quase fomos
O nascer

Efeitos secundários da Poesia


Eu sei um pouco de tudo
Mas não sei que chegue acerca de ti...

Eu não te reconheço...
Contudo,
Penso que já te ouvi

Apenas quando penso que és minha
Logo tentas um caminho diferente
E assim que posso eu fazer?

Leio as últimas notícias
Tento alinhar-me a elas
Mas continuo confuso

Atingiste-me a vermelho
O triângulo coração
Mas nada em questão

Não sei o que chega a teu respeito
Desolando aquilo que construo
Pois tens sido chama para mim

Era só teres jogado o meu jogo

Sabes bem que sei o teu jogo
Aqui ninguém perde
Mas ganhar?
A vitória ainda não a vi...
Sentida

Foi isso que disse antes de te conheçer
E puseste-me em causa de novo
E que afirmação!

Biologia
Psicologia
Geologia
Nada disto tem Razão?

E a história
A economia
As artes?

Pois...
Sei bem.

A verdadeira música
Era economicamente
Navegar na psicologia
Da tua mente e fazer
De arqueólogo lá dentro

Descobrindo a geologia
Do teu magnífico corpo
Crescendo em ti
Estilo Biologia

Para ficar anos mais tarde
Marcada na história
Da tua arte

Sim estou apaixonado
Em jeito de canção de amor
Daquelas lamexas
Que ouvimos no terraço

Foram tantas de manhã
São tantas de tarde
Serão ainda mais à noite

E de madrugada?

Acho que vou tirar um tempo,
Para te conhecer...

P.S: Gostei de fazer este poema
Ao som do teu piano. Obrigada

sábado, janeiro 06, 2007

Fim (dias que passam)


Neste infinito fim que nos alcançou
Guardo uma lágrima vinda do fundo
Guardo um sorriso virado para o mundo
Guardo um sonho que nunca chegou

Na minha casa de paredes caídas
Penduro espelhos cor de prata
Guardo reflexos do canto que mata
Guardo uma arca de rimas perdidas

Na praia deserta dos dias que passam
Falo ao mar de coisas que vi
Falo ao mar do que conheci...

No mundo onde tudo parece estar certo
Guardo os defeitos que me atam ao chão
Guardo muralhas feitas de cartão
Guardo um olhar que parecia tão perto

Para o país do esquecer o nunca nascido
Levo a espada e a armadura de ferro
Levo o escudo e o cavalo negro
Levo-te a ti... levo-te a ti... levo-te a ti
para sempre comigo...

Na praia deserta dos dias que passam
Falo ao mar de coisas que vi
Falo ao mar do que nunca perdi.

Por: Toranja

Assinalando o fim,
talvez provisório,
talvez não,
de umas das maiores bandas portuguesas da actualidade.
Até sempre, fica o registo.
O mundo continua enquanto houver uma boa canção.
Valeu a pena voar...

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Amor e Sexo


Este é o meu improviso
Em que tento disfarçar
A questão que me atormenta
Rastejemos então nela...

Será sexo e amor a mesma coisa?
Terão de andar sempe unidas?
Uma implica a outra?
Há amor sem sexo?
E o oposto?

Eu consigo amar sem sexo
E sexo sem amar
Penso que esse
Não deve ser levado tão a sério

Não que seja demasiado liberal
A tua beleza é intensa

Mas aquela sensação
Aqueles momentos fugazes
Com outros, desconhecidos...
Não me faz pensar duas vezes
E sabem porquê?

Porque o sexo é isso mesmo
Fugaz...

Tal como a paixão,
que vem e volta

Enquanto o amor, esse...
É intenso e eterno
Construido por nós
E nada suplanta isso
Mesmo esses míseros segundos...
De uma pequena morte

E morte terei se continuar
A saborear amor e sexo sempre de mãos dadas
Pois neste meu mundo
Essa fase já passou
E tanto eu sofri...

Mas agora... NÃO!
Pois sou um novo homem
E agora, tenho fome demais!
É por amor sim!
Por amor me entrego à vida!

Ouvi dizer...


Ouvi dizer que o nosso amor acabou.
Pois eu não tive a noção do seu fim!
Pelo que eu já tentei,
Eu não vou vê-lo em mim:
Se eu não tive a noção de ver nascer um homem.
E ao que eu vejo,
Tudo foi para ti
Uma estúpida canção que só eu ouvi!
E eu fiquei com tanto para dar!
E agora
Não vais achar nada bem
Que eu pague a conta em raiva!
E pudesse eu pagar de outra forma!
Ouvi dizer que o mundo acaba amanhã,
E eu tinha tantos planos pra depois!
Fui eu quem virou as páginas
Na pressa de chegar até nós;
Sem tirar das palavras seu cruel sentido!
Sobre a razão estar cega:
Resta-me apenas uma razão,
Um dia vais ser tu
E um homem como tu;
Como eu não fui;
Um dia vou-te ouvir dizer
:E pudesse eu pagar de outra forma!
Sei que um dia vais dizer:
E pudesse eu pagar de outra forma!
A cidade está deserta,
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte:
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas.
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoente da loucura!
Ora amarga! ora doce!
Pra nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura!

Por: Ornatos Violeta

E...em especial para ti, AVEIRO
Não consigo viver aqui
Quero estar ai!

Auto-estrada


Senta-te um pouco

Vê se consegues...

Volta à normalidade
Dá a volta, não iludas!

A vida é uma estrada
E se a minha realmente fosse o que fosse?

Seria uma auto-estrada
Sempre em movimento
Ligada por laços
Com constantes infrações
E acidentes
A cada segundo não assinalado
Como uma vida não declarada

Vivida a alta velocidade
Sem tempo para parar
respirar ou saborear
uma boa paragem

Mas nem todos os sinais estão correctos
E erros dão-se quer em rectas
quer em curvas,

Porém quem conduz sou eu
E por enquanto
Tenho nas mãos o meu destino

Por isso
Não me dêem regras
Sou intocável

(Então e tá feito ou não?
Mais que feito!)

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Cenário (uma janela no rio)


Noite é querer
É poder
É disfarce
É deixar para trás
e largar

Escuro é esconder
É guardar
É um livro esquecido
e papel para escrever

Há uma janela no rio
Há um monte a tapar

Há vento que entra... frio..
e tu a olhar.

Mais uma carta rendida
Mais um cenário que manda dançar
Mais uma dança perdida
E a noite só para lembrar

Festa é gritar
É ganhar
É correr
É fugir demais
... fugir demais...

Há uma janela no rio
Há um monte a tapar
Há vento que entra... frio...
...e tu a olhar...

Mais uma carta rendida
Mais um cenário que manda dançar
Mais uma dança perdida
E a noite só para lembrar

Noite é poder
é querer
é chorar
em teus braços
teus olhos
teus traços
teus lábios
meus paços
e em ti eu acabo
meu fado
é teu fado
meu fado
é teu fado
... tenta parar

Mais uma carta rendida
Mais um cenário que manda dançar
Mais uma dança perdida
E a noite só para lembrar

Por: Toranja

P.S: Que o novo ano seja mais do melhor de 2006

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Ensaio 2


Vai ser hoje

Encerro um ciclo

Começo outro

Que se lixe!

Esta noite?!

Vais matar-me
com o teu olhar

Pois
as mulheres
são eternas
são música
melancolia

uma obra de arte
para ser apreciada
e amada

prazer

sim

Há pessoas que se amam

outras que se desejam

mas os dois sentimentos

acredita pois que

nunca andam juntos

Apesar de haver outras
que se amam e desejam

...como nós

E o ardor que me mostras

eu choro, de alegria

de viver
de te ter

sábado, dezembro 23, 2006

Dia Mau


Não quis guardá-lo para mim
E com a dimensão da dor
Legitimar o fim

Eu dei
Mas foi para mostrar
Não havendo amor de volta
Nada impede a fonte de secar

Mas tanto pior
E quem sou eu para te ensinar agora
A ver o lado claro de um dia mau

Eu sei
A tua vida foi
Marcada pela dor de não saber aonde dói

Mas vê bem
Não houve à luz do dia
Quem não tenha provado
O travo amargo da melancolia

E então rapaz
então porquê a raiva
Se a culpa não é minha
Serão efeitos secundários da poesia

Mas para quê gastar o meu tempo
A ver se aperto a tua mão
Eu tenho andado a pensar em nós
Já que os teus pés não descolam do chão
Dizes que eu dou só por gostar
Pois vou dar-te a provar
O travo amargo da solidão

É só mais um dia mau

Por: Ornatos Violeta

terça-feira, dezembro 19, 2006

O guardador de escadas


Sinto o cheiro a madeira
Do passado

Depois vem a altura
em que se quer tudo outra vez

Tal e qual.

Antes de se ser adulto ou coisa parecida.

Sabes que nunca se volta a ser o que era
Porque o tempo tem instrumentos de tatuar
e o segundo não volta igual.

Guarda-se tudo numa caixinha... pequena
Que se abre de vez em quando
e volta-se a noção que no presente.

Quer-se tudo outra vez.
Como cada laço teu...

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Eu vi, mas não agarrei


E eu vi
Mas não agarrei...

Não vai haver um novo amor
Ele não é feito para amar

Foi como entrar, arder, mudar
em ti

Lembrar que há um fim?
Não tive a noção

Ver nascer-te?
Uma estúpida canção
Que nada dei

E pudesse eu pagar de outra forma?

A cidade está deserta
e escrevo o teu nome em toda a parte

Nas casa, nos carros, nas ruas, nas pontes,
em todo o lado essa palavra repetida
ao expoente máximo da loucura

ora amarga, ora doce
pra nos lembrar...

que o amor é uma doença
quando nele julgamos ver a nossa cura

pois em mim tudo é maior
hoje o desejo, amanhã o ódio

É uma e meia da manhã
e bastava um dia para mostrar quem sou

Eu sou tão bom de amar...

sábado, dezembro 16, 2006

Segundo


Sabes quando tudo é tão rápido?
Sabes quando se torna tudo uma espécie de câmara lenta e
Percebes que o tempo é também consequência do que estás?
O segundo transforma-se.
As emoções perdem o filtro e ganham o tamanho dos sítios
Maiores.
A dôr das coisas. O amor das coisas
O que se ri o que se grita.
A parte humana de todos. A parte humana do tempo.
Sabes que nunca se pára...
Sabes quando nunca se pára?
Sim.. Às vezes apetece descansar os olhos.
Mas pode-se perder tanto num segundo...
Por ser tão humano...

Por: Tiago Bettencourt

quinta-feira, dezembro 07, 2006

O clube dos rapazes perdidos


Falam de vida
Falam do amor
E de suas mulheres
Discutem a arte de viver
e o viver artístico entre si

São dois, três, seis...
tanto faz
sonhaste-des a paz,
o sorriso, o choro,
o prazer e a dor
que tanto traz rancor
como o ardor
da simplicidade humana

Chega morte
que gela e derrete
na boca destes
pois essa se vier
é o menor dos desgostos
desta rotina entrelaçada
no mesmo sempre

E assim vamos vivendo
Com prolongadas horas de conversas
Com ou sem amigos de peniche
Com mais ou menos interrese
lá se faz este grupo
como tantos outros...
De mão em mão

Dedicado a: Manuel, Telmo, João e Hugo
(Sentidos pêsames por me conhecerem)

P.S:

Decididamente o poema menos pesado da minha autoria neste blog.
Como este não virão muitos outros.

Bolero do Coronel sensível que fez amor em Monsanto


Eu que me comovo
Por tudo e por nada
Deixei-te parada
Na berma da estrada
Usei o teu corpo
Paguei o teu preço
Esqueci o teu nome
Limpei-me com o lenço
Olhei-te a cintura
De pé no alcatrão
Levantei-te as saias
Deitei-te no banco
Num bosque de faias
De mala na mão
Nem sequer falaste
Nem sequer beijaste
Nem sequer gemeste,
Mordeste, abraçaste
Quinhentos escudos
Foi o que disseste
Tinhas quinze anos
Dezasseis, dezassete
Cheiravas a mato
À sopa dos pobres
A infância sem quarto
A suor, a chiclete
Saíste do carro
Alisando a blusa
Espiei da janela
Rosto de aguarela
Coxa em semifusa
Soltei o travão
Voltei para casa
De chaves na mão
Sobrancelha em asa
Disse: fiz serão
Ao filho e à mulher
Repeti a fruta
Acabei a ceia
Larguei o talher
Estendi-me na cama
De ouvido à escuta
E perna cruzada
Que de olhos em chama
Só tinha na ideia
Teu corpo parado
Na berma da estrada
Eu que me comovo
Por tudo e por nada

Poema de: A. L. Antunes

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Asas



Asas servem para voar
para sonhar ou para planar
Visitar espreitar espiar
Mil casas do ar

As asas não se vão cortar
Asas são para combater
Num lugar infinito
para respirar o ar

As asas são
para proteger te pintar
Não te esquecer
Visitar espreitar-te
bem alto do ar

Só quando quiseres pousar
da paixão que te roer
É um amor que vês nascer
sem prazo, idade de acabar
Não há leis para te prender
aconteça o que acontecer.

Por: GNR

domingo, dezembro 03, 2006

Epilepsia


Não é fácil
E breve será
Como longa
É a dor de os receber
E vê-los partir
Para depois voltar

A dor que se sente é extraordinária
A humilhação é fantástica
E a sensação intensa, mas breve.

O meu sistema nervoso central
Demasiado em chama e excitado
Dá-me como recompensa
O olhar da verdade e a sensibilidade
De perceber e poder sentir
A dor que os outros não têm

São flashes de luz que do nada nascem
De um qualquer canto, que depois,
Crescendos dão sinal de alerta

A embriaguez do andar até à segurança
É contrastada com o pânico em redor
E do vazio e fraqueza da minha mente.

Para quem está tão longe é tão difícil entender
Como é doloroso (não é a carne, é a mente).

Mas na luta do transformar o fraco em coisa forte
Monstros e todos os outros meus medos tiram-me o ar do viver
E naquele momento sinto-me uma criança amedrontada
Num qualquer quarto escuro

Nesse momento quero álcool pra comer,
Tempo para sofrer, espaço para respirar,
Muro para espancar, luz pra me ver,
Ferro para trincar e olhar de frente o sol
Até queimar.
Trono para perder, gente para roer
Mundo para puxar, deuses para lutar,
Quarto para gritar…
Dêem-me mais.

E assim vou vivendo,
Pois meus amigos,
Eu não perco sem ganhar.

Mal-estar social (eu e ele)


(É pena
Não poder viver
Dentro de mim
Ou até esquecer
Por dentro de ti)

Bebo
Fumo
Penso (ao ponto que cheguei)
Sofro

Males sociais
Nem pouco ou muito serão aqueles
Bem…

São tantos os que me fazem sofrer
Mas, vamos embora daqui
Pois, sinto-me sempre tão só
Nas noite de aço
Que me fazem aquecer
A teimosia do registar das páginas
De cada voo meu

Só tu me lembras que devo ainda viver
Neste frio mundo onde me rendo aos seus vícios

A luz, não é a minha cruz.

É uma grande festa de mau gosto,
Um circo, onde palhaços e outras feras
Me fazem temer no pensar
Que se serei eu o único a ver e perceber?

Será?
Será que eles não quererão melhorar este mundo também?
Novos horizontes, objectivos?
Novas esperanças? Um novo sol, que tape esta noite,
Este escuro?
Não, quebramos todos, aliás já nem em ti
Eu me encontro.
Sujo.
Porco.
Mau.

Cúmplice?
Destas guerras e conflitos?
Porquê nações?
Porquê estas questões?
Porquê tantas perguntas?

Porque é que não encontro respostas?
Será sempre esta a minha sina?

Pois, amanhã é outro dia…
E lá irei eu outra vez
Como nada se passasse
Como nada se tivesse passado

No fundo é só rastejar
Que me faz bem
Implorar, gemer, chorar,
Sangrar, afogar, sacrificar,
Sufucar, torturar, arranhar,
Desfazer, comer, arrancar...
Mostrar...

(Cada vez mais aqui
Eu penso em parar
Cada vez mais aqui
Eu penso em acabar)

quinta-feira, novembro 30, 2006

Música de filme


Estás dentro de mim
Por dentro de mim
Ficas dentro de mim...

é pena quase não poder ficar
és quente quando a luz te trás
Quase te vi, amor...
Quase nasci sem ti
Quase morri
Dentro de mim

Estás dentro de mim
Por dentro de mim
Ficas dentro de mim...

Silêncio, lua, casa,chão
És sitio onde as mãos se dão
Quase larguei a dôr
Quase perdi...
Quase morri...
Dentro de mim...

Estás dentro de mim
Por dentro de mim
Ficas dentro de mim

Sempre sou mais um homem
Mais humano
Mais um fraco
Sempre sou mais um braço
Mais um corpo
Mais um grito... sempre...
Dança em mim!
Mundo, vida e fim!
Dorme aqui...
dentro de mim.

É pena quase não poder ficar...
No sitio onde as mãos se dão
Quase fugi, amor
Quase não vi
Vamos embora daqui

Para dentro de mim.

Por: Toranja (Esquissos)

sábado, novembro 25, 2006

Conversas de Café da Praça


Depois de hoje
Após esta noite
Vou querer morrer
E voltar a renascer

Estou desejoso de morrer
Por quê?
Para saber
o que do outro lado está
Para poder
livrar-me deste peso que é a vida
Eu bem sei que a morte
é a solução mais fácil...
Mas neste ciclo
não é isso o caminho que seguimos sempre?

Somos crianças.
Sou criança
e serei-a sempre
Para sempre jovem
Um imortal
com vontade de se extinguir
Mortal
com desejo de resístir

O verbo desfaz a cor a mais
E a dor que é só por ver renascer

Não estou morto
Mas sim a morrer

Será?
Sou?
Serei?

Já foi...
Já sou!

Puffff
Esfumou-se!

segunda-feira, outubro 30, 2006

How insensitive


How insensitive
I must have seemed
When she told me that she loved me
How unnerved and cold
I must have seemed
When she told me so sincerely
Why she must have asked
Did I just turn and stare in icy silence
What was I to say?
What can you say
When a love affair is over?

Why she must have asked
Did I just turn and stare in icy silence
What was I to say?
What can you say
When a love affair is over?

So now she´s gone away
And I´m alone
With a memory of her last look
Vague and drawn and sad
I see it still
All the heartbreak in her last look
How she must have asked,
Could I just turn and stare in icy silence
What was I to do?
What can one do
When a love affair is over?

Por Diana Krall

Não pode ser assim tão simples...


A vida não permite ensaios.
Há primeira e sem barreiras
Antes que as cortinas se fechem.

Empty spaces - what are we living for
Abandoned places - I guess we know the score
On and on, does anybody know what we are looking for...
Another hero, another mindless crime
Behind the curtain, in the pantomime
Hold the line, does anybody want to take it anymore

The show must go on
The show must go on, yeah
Inside my heart is breaking
My make-up may be flaking
But my smile still stays on

Whatever happens, I'll leave it all to chance
Another heartache, another failed romance
On and on, does anybody know what we are living for ?
I guess I'm learning (I'm learning learning learning)
I must be warmer now
I'll soon be turning (turning turning turning)
Round the corner now
Outside the dawn is breaking
But inside in the dark
I'm aching to be free

The show must go on
The show must go on, yeah yeah
Ooh, inside my heart is breaking
My make-up may be flaking
But my smile still stays on
Yeah yeah, whoa wo oh oh

My soul is painted like the wings of butterflies
Fairytales of yesterday will grow but never dieI can fly - my friends

The show must go on (go on, go on, go on) yeah yeah
The show must go on (go on, go on, go on)I'll face it with a grinI'm never giving in
On - with the show
Ooh, I'll top the bill, I'll overkillI have to find the will to carry on
On with the show
On with the show
The show - the show must go on Go on, go on...

Show must go on por Freddie Mercury, Queen

Por ti

Não é mais que uma carta
Rendida

Um teatro que manda dançar
Uma dança perdida
Com medo de ficar

Em ti eu acabo

Vento que entra frio
É fogo
É suor que manda dançar

Noite é poder
É querer
Chorar em teus braços

Teus laços
Teus olhos
Teus traços
Teus lábios
Teus passos

Em ti eu quero ficar

Meu fado é teu fado
Tempo para amar
É o que eu quero ter
Pra conquistar

Esse teu coração
Essa tua voz
A beleza da tua subtileza
E num momento
Infinitivamente fugaz
Beijar-te
Amar-te

Bem sei que sonhar
E também desejar
Nada custa
Mas a sensação de
Dar e receber prazer
Essa é única, restrita
e indescritível.

Por ti.

Ensaio 1


Tenho tanto para te dizer
Nada para te falar
Tudo a contar

Quero-te amar
amar
amar
amar

Posso até continuar ...
mas não vou
Prefiro olhar e ouvir:

Fogo e Noite

Aconteceu...
e por me teres feito cego
recordo o sabor da tua pele
e o calor de uma tela
que pintámos sem pensar.

Ninguém perdeu,
e enquanto o ar foi cego
despidos de passados
talvez de lados errados
conseguiste me encontrar.

Foi dança
foram corpos de aço
entre trastes de guitarras
que esqueceram amarras
e se amaram sem mostrar.

Foi fogo
que nos encontrou sozinhos
queimou a noite em volta
presos entre chama à solta
presos feitos para soltar...

Estava escrito
E o mundo só quis virar
a página que um dia se fez pesada
E o suor
que escorria no ar
no calor dos teus lábios
inocentes mas sábios...
no segredo do luar.

Não vai acabar
Vamos ser sempre paixão
Vamos ter sempre o olhar
Onde não há ninguém
Dei-te mais...! Valeu a pena voar...

Estava escrito
E a noite veio acordar
a guerra de sentidos travada num céu
Nem por um segundo largo a mão
da perfeição do teu desenho
e do teu gesto no meu...
foi como um sopro estranho...
...e aconteceu...

És noite em mim,
És fogo em mim.
És noite em mim.

Fogo e Noite por: Toranja

domingo, outubro 29, 2006

Sem barreiras


Foi fogo
Foi dor
Quando te conheci
Quando te vi pela primeira vez
Na noite
Nas estrelas desse fantástico perder de sentidos

Cada traço teu...
Indescritível
O teu cabelo ondulado e cor da minha paixão ardente...
Loiros abraçando os laços da tentação
Verde e azul casam num viver sem fim
nos teus olhos,
com o meu querer de beijar esses teus lábios
que me fazem render à minha fugacidade e simplicidade

Um mundo, uma janela, será pouco para tão grande cenário
Para lembrar que chorar em teus braços, teus traços, meus passos...
Será meu fado, teu fado?

Teu corpo foi, é e será imortal,
As curvas do teu corpo levam-me a flutuar os meus gestos devagar
E largam-me a mais de mil metros do teu coração
Mas...
Em qualquer lado do meu amor por ti
És tu o meu chão

Acrescento por fim
E com esta me vou:

Perguntas-me a razão do dilema?
Assim tão simples de contar...
Sabes... amar é uma vitória e a vida é simples de contar
Eu aprendi a perceber melhor
A importância das coisas normais
É que posso dar o fruto a amor
A história linda que é amar.

sábado, outubro 28, 2006

Madragoa


Vi-te
Senti-te

Por de trás de ti andei

Mas cedo reparei
Que ver
E sentir
Não é a mesma coisa
Quando algo se quer

Mesmo que esteja proximamente distante.

Talvez no futuro
Nasça qualquer coisa
Como a satisfação
Que me incompleta
E a paixão que desperta

Tu virás a ser a minha simples dor
Pois já aprendi no passado
Que irei conseguir passar todos os obstáculos
Para atingir a tua boca.

Por ti

Simples, Obrigatório, Fantástico, Interessante, Aberto

Tempos Adversos


Fui eu
Vem ver
Fui eu
Vem ver
Ha vidros no chão
Há folhas no chão
São livros no chão
Lutamos em vão

e claro que temos que andar
somos tempos adversos
Que puxam para trás
e claro que temos que ver a estrada
Que um dia a história acaba...

Quem foi?
Quem viu?
Quem foi?
Quem viu?
Os vidros no chão
São restos de nós
Os vidros no chão
Perdem a voz.

e claro que temos de andar
entre tempos adversos
que puxam para trás
e claro que temos que ver a estrada
Que um dia a história acaba...

...Que um dia a história acaba.

Por: Toranja - 2005

Incontinências



És o meu melhor amigo e
És o meu maior adversário
És o meu mais fiel companheiro
mas és também matreiro
Tiras-me sempre os louros
mas sabes partilhá-los
Apesar de me sentir por vezes
sozinho
e às vezes bastante apoiado
não sei se devo continuar esta situação
Pois, farto de perder estou eu
e já mereço ganhar
O meu coração já merece classe
e se não acabas com essa merda
De melhor amigo
passas a alvo número um
e já esteve mais longe
Não, não desisto dela tu bem sabes
Apesar de não ser fácil
Também não é a coisa mais difícil neste mundo
E isso
Meu caro amigo
Fiel companheiro
É como cenário que manda dançar
E eu?
Vou dançar
Posso não ser o melhor dançarino
Mas, vou tentar fazer que esta não seja uma dança perdida
E a noite vai lembrar
Num dia
Se eu consegui ou não
Mas desistir...
Isso não é meu fado
E Coimbra
A minha grande aliada
Vai ajudar-me
Essa estufa vai queimar aquele que menos importa
E abrir caminho a ´´V``
Vai abrir caminho àqueles
Que nasceram do traço perfeito
E que brilham genialidade e paixão
No fim, então?
A pergunta...
Valeu a pena voar?

Claro!

Mesmo
Assim
Não
És
Lúcido

Sangue que ficará


São integração
Ponte que liga duas margens
Negros como a noite
Em dias estonteantes

São grupos, bandos que
Nos fazem lutar com o lógico
e tiram a dignidade
de fingir e remar no inútil

Não nos olhem assim
Continuaremos a ser quem fomos
Mas sempre assim
Até ao nosso enterro

Também eu cria parar
Para me levantar
Para sorrir
Para não voltar a cair

Calor, apoio, cenário
Aclamam o teatro do seu traje
Que não passa de uma miragem
Com vergonha de gritar

O planear das suas histórias
que nos fazem tremer ao pensar
O repetir das memórias
Que sabemos não serem nossas

Porque nunca deixaremos de lutar
Vamos ensaiar a conveniência do improviso
O artificio daqueles gestos
Para fugazmente irmos ao encontro
Da união

Repetirão os sobreviventes
a tradição salgada
desta encruzilhada brutal
Em que vamos vivendo

Andando ai
Perdendo tudo aquilo que nunca fomos
Ainda bem que não resisti
Pois és tu o meu chão

sexta-feira, outubro 27, 2006

Chaga


Foi como entrar
Foi como arder
Para ti nem foi viver
Foi mudar o mundo
Sem pensar em mim
Mas o tempo até passou
E és o que ele me ensinou
Uma chaga pra lembrar que há um fim

Diz sem querer poupar meu corpo
"Eu já não sei quem te abraçou"
Diz que eu não senti teu corpo sobre o meu
Quando eu cair
Eu espero ao menos que olhes para trás
Diz que não te afastas de algo que é também teu
Não vai haver um novo amor
Tão capaz e tão maior
Pra mim será melhor assim
Vê como eu quero
E vou tentar
Sem matar o nosso amor
Não achar que o mundo é feito para nós

Foi como entrar
Foi como arder
Para ti nem foi viver
Foi mudar o mundo
Sem pensar em mim
Mas o tempo até passou
E és o que ele me ensinou
Uma chaga pra lembrar que há um fim

Por: Ornatos Violeta

Coimbra



Coimbra, a mais complexa de todas as personagens, conta a história:

Eu não sou só uma cidade. Sou uma estufa. Uma reserva natural para estudantes, onde eles vivem em plena liberdade.

Sou uma espécie de doce, entre a adolescência e a idade adulta. Mas só para os que puderam estudar. Os melhores. Eles sabem que são uma elite.

Uma manhã de Janeiro chegou um homem. Apaixonou-se por mim e pelas minhas mulheres.

Tolo, não percebeu que EU não sou para quem quer, mas para quem pode... e que o amor não abre as minhas velhas portas.

Coimbra tem mais encanto na hora da despedida...

Universidade de Aveiro



Ali está ela
Formosa, mas não segura
Princesa da cidade
Orgulho de um país

E eu?
Rendo-me...
A sua beleza e às suas gentes
Às tuas mulheres (quem me dera ai estar).
Mas atenção, Maio ainda está longe,
e ela não é para quem quer
mas para quem pode.

Tirar


Tirem-me o teu amor
Tirem-me a beleza de cada traço teu
que poderia num momento infinitivamente fugaz
até descrever
Tirem-me até a vontade de fazê-lo
Tirem-me a sensação que é ter e dar prazer
a quem nos completa
Mas há coisas que eles não nos podem tirar
A esperança, a fé, o desejar e o sonhar.
Pois meus caros, tudo isso é imortal.